Método para a procura da vida em exoplanetas


Cientistas recentemente desenvolveram um novo método de procura por oceanos em exoplanetas. O método que envolve a obtenção e análise da variação da freqüência (cores) do espectro de radiação causada pela rotação do exoplaneta e tais estudos poderão ajudar na busca pela vida extraterrestre.

Com a ajuda do "high resolution imager" da sonda "Deep Impact", Cowan e seu time observaram como as cores de Terra modificam-se do azul (oceanos) para o vermelho (continentes) com a sua rotação sobre o eixo. Crédito: Donald J. Lindler, Sigma Space Corporation/GSFC; EPOCh/DIXI Science Teams

Existem atualmente diversos métodos usados para a detecção de água em exoplanetas. Uma delas é a técnica da espectroscopia, a qual revela os comprimentos de onda das moléculas de água e que tem sido usada com sucesso para a descoberta de água em exoplanetas gigantes. Outras técnicas envolvem a procura de nuvens ou detecção da reflexão de luz de uma superfície reflexiva, embora a técnica da reflexão tenha até agora sido usada para outros líquidos como metano na lua Titã de Saturno.

Agora Nick Cowan da Universidade de Washington em Seattle e sua equipe de cientistas, incluindo o time do projeto da NASA EPOXI, desenvolveram um método complementar que deverá aumentar a probabilidade de se encontrar exoplanetas com oceanos – e conseqüentemente, fortes candidatos a conter vida. “Uma vez que a água é considerada um pré-requisito para a existência da vida, nos propusemos mais um teste da habitabilidade do exoplaneta”, Cowan disse a physicsworld.com.

A Terra tratada como um ‘exoplaneta’

Os pesquisadores desenvolveram o novo método usando os dados obtidos da sonda Deep Impact,da NASA. Essa sonda completou sua missão primária há alguns meses e está alocada na extensão da missão, chamada EPOXI, para estudar outros cometas assim como distantes exoplanetas. Durante a extensão da missão, o time de Cowan usou o telescópio ”high resolution imager” da sonda Deep Impact para examinar a Terra a partir de uma distancia de dezenas de milhões de quilômetros, tratando a Terra como se ela fosse um ‘exoplaneta’.

Em geral a cor da Terra é cinza com algum azul devido ao espalhamento de Rayleigh da luz do Sol pela atmosfera. Entretanto, os pesquisadores encontraram quando o céu está claro – sem nuvens – a cor ‘média’ da Terra muda conforme sua rotação: com os continentes em vista a cor vermelha se intensifica no espectro; com os oceanos a vista, a cor azul é a que se destaca. Assim, tais mudanças na cor poderão revelar a presença de oceanos e verdadeiros exoplanetas.

“O ponto de destaque [sobre os demais métodos] é que não necessitamos de uma resolução espectral de alto nível de detalhe e apenas alguns filtros serão necessários. O que necessitamos é um conjunto de espectros ao longo do tempo que mostre a variabilidade das cores do exoplaneta, disse Cowan.

Maiores telescópios são necessários

Cowan acrescenta que para se detectar oceanos em exoplanetas com tamanho similar a Terra que devem estar a uma distancia de dezenas de anos-luz, os astrofísicos irão necessitar de telescópios mais poderosos. Tal acontecerá em breve com o sucessor do telescópio espacial Hubble, denominado ‘Advanced Technology Large-Aperture Space Telescope, ou ‘ATLAST‘, aliado a um dispositivo coronagrafico para bloquear a luz da estrela hospedeira do exoplaneta.

Mesmo assim poderá ser possível ver oceanos em ’super terras’ quando o observatório New Worlds da NASA que será lançado em 2.017. O telescópio New Worlds combinará um poderoso telescópio com 4 metros de diâmetro com um dispositivo coronagrafico desenhado especificamente para a detecção de exoplanetas.

Andreas Quirrenbach, um astrônomo da Universidade de Heidelberg na Alemanha, membro do US Exoplanet Task Force (força-tarefa de procura de exoplanetas), tem a opinião que isso é uma ‘questão de gosto’ se esse método trará ou não uma prova extra da existência de oceanos extra-solares. “Eu propriamente iria requerer um padrão mais apurado, ou seja, um espectro, e acredito que a maioria dos astrônomos terá o mesmo sentimento”, completou.

Mas Quirrenbach adiciona que o método poderá servir não só para dar pistas da existência de exoplanetas com oceanos como também estudos mais aprofundados poderão ser seguidos pela analise espectroscópica, ou simplesmente, pela complementação espectroscópica para dar mais informações. Com o passar do tempo, Quirrenbach diz, o método poderá “transformar-se em uma rápida ferramenta de recenseamento de exoplanetas com oceanos quando estivermos convencidos que o procedimento é confiável, checando-o contra diversos casos detectados por espectroscopia”.

Fonte:
http://eternosaprendizes.com

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