Se não existe deus, para onde vai o ATEU quando morre?

 

Ao se declarar ateu, é comum ser indagado com a pergunta “se você não acredita em deus, então para onde você acredita que vai quando morrer?”. Embora o ateísmo não traga respostas para essa questão (ou qualquer outra), é comum vermos ateus tentando explicar sua visão de “eternidade” ao entrar nesse assunto, mas quase sempre evitando serem preciso nos detalhes.


Para os que se assumem ateus, acredito que a resposta mais acertada seria um limpo e honesto “não faço a mínima ideia”. A verdade é que nenhum humano, até onde sabemos, tem a capacidade e os conhecimentos suficientes para conceber uma solução definitiva para essa pergunta. Qualquer tentativa humana de explicar o que acontece com a consciência após a morte tem a mesma chance de estar certa quanto a opinião de um panda sobre o funcionamento do GPS.



O instinto humano tem a necessidade de buscar respostas para preencher as lacunas do conhecimento. O desconhecido nos trás desconforto e, para nossos antepassados, costumava ser uma das principais fontes de medo. E esse medo do desconhecido é o pai do pensamento antiquado que deu origem às religiões. Na intenção inconsciente de afugentar o desconhecido, a humanidade acabou criando respostas para alguns de seus principais medos como o da morte ou da vida sem propósito. Por serem questões que até hoje estão em dimensões que fogem da nossa escala de compreensão, nossos antepassados primitivos acabaram inventando divindades que também estavam fora dessa escala.


O cérebro ateísta também possui esse instinto, mas ao admitir que o ser humano hoje é incapaz de compreender os motivos pelos quais existem a vida e a morte, o cético consegue analisar o problema de maneira mais criteriosa e honesta. Controlando o medo do desconhecido, torna-se mais fácil negar as respostas medievais que nos tentam fazer crer num paraíso de idolatria eterna, ou em um paraíso com dezenas de virgens, ou outro em que iremos saciar nossos desejos em jardins vastos com rios de leite e mel.



Assumir que não temos a resposta para algo de tamanha importância é, certamente, extremamente desconfortável. Muitas pessoas acreditam com tanto fervor que o medo da morte é o que mantém a estrutura moral da nossa sociedade sadia que sequer questionam os erros das respostas religiosas, aceitando qualquer explicação contida em livros arcaicos e se entregando, incondicionalmente, ao medo de assumirem que não possuem a resposta verdadeira. E esse medo acaba sendo usado por charlatões da fé que manipulam pessoas inocentes ameaçando-as de um futuro de torturas que eles não podem provar ser real.


Em algum dia, no futuro, nossa espécie será capaz de superar os dogmas religiosos e estará confortável o suficiente para direcionar nossa energia e conhecimento para enfrentar essa questão de forma madura. Por enquanto, nos resta assumir com sensatez e honestidade que o ser humano ainda não é capaz de elucidar todos os mistérios da existência, cuidando para que esse medo do desconhecido não nos deixe vulneráveis nas mãos de aproveitadores que se dizem donos da verdade.

Comentários

  1. Uma vez morto, vai para onde vai qualquer outro animal não humano: TERRA (lembra, homem, que és pó e ao pó voltarás) Está lá no livrinho deles! Não tenho dúvida nenhuma.

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